Blockchain é uma tecnologia que vem mudando a forma como operações são realizadas ao redor do mundo — e não apenas as transações financeiras ou aquelas que envolvem criptomoedas, como uma parte das pessoas ainda pensa.
Do ponto de vista técnico, a blockchain tem por princípio reunir transações, registros ou movimentações em lotes, que chamamos de blocos, e extrair um “carimbo” identificador único desse bloco, que chamamos de hash. Com isso, temos blocos de registros identificados por hashs únicos e intransferíveis.
Esses blocos são encadeados e distribuídos entre os participantes da rede de blockchain, de forma descentralizada. No caso das blockchains permissionadas (ou privadas), que são nosso assunto neste artigo, todos os registros são feitos de acordo com as autorizações necessárias requeridas pela rede.
Com essa configuração, é impossível alterar um registro sem afetar a integridade da estrutura encadeada como um todo. Além disso, a característica descentralizada faz com que toda a rede fique mais robusta, confiável e disponível, sendo um componente de tolerância a falhas.
Então, que tal descobrir como essa tecnologia pode ser aplicada na sua empresa e quais vantagens ela traz para os negócios? Continue comigo neste artigo ou, se preferir, basta dar um play na live que apresentei junto com Samuel Venzi e Otavio Soares, especialistas em blockchains permissionadas pela GoLedger.
As 4 principais dúvidas sobre blockchain
Quem são os validadores das operações em uma rede blockchain privada?
As blockchains comuns, de que ouvimos falar no contexto de criptomoedas, são validadas por mineradores de dados. Já as blockchains privadas ou permissionadas, que foram criadas especialmente para o contexto corporativo, são validadas por uma rede de servidores corporativos do provedor de blockchain, chamados de ordenadores.
Nesse modelo, não há nenhum custo de mineração agregado ao uso da blockchain. Além disso, a validação por ordenadores traz alta escalabilidade para as operações.
Blockchain pode ser utilizada para garantir o compliance contábil da empresa?
Sim. O conceito central da blockchain é o de livro-razão, ou seja, registros de entradas e saídas monetárias em uma fonte imutável. No caso da blockchain, é realmente impossível modificar os dados depois de gravados sem deixar rastros, pois cada bloco de registros é “lacrado” com uma hash única, que encaixa o bloco na cadeia.
A modificação de um bloco já fechado, além de requerer assinaturas digitais para tornar a alteração válida, implicaria na mudança da hash do bloco e, como consequência, na invalidação de toda a cadeia subsequente. Dessa forma, ataques externos ou mesmo internos para fraudar registros já feitos seria impossível.
O que é possível, porém, é realizar o registro de uma errata de um registro já feito. Por exemplo: o registro de uma pessoa foi feito com a data de nascimento incorreta. Para corrigir isso, emitimos uma errata que receberá um novo registro e virá em um novo bloco. Com isso, a rastreabilidade do histórico se mantém.
É essa a característica que faz com que seja possível realizar a rastreabilidade de registros, sejam eles documentos, lotes de produto ou dados biográficos. Basta solicitar acesso ao servidor onde o bloco está armazenado e verificar a integridade da hash para realizar a auditoria em tempo real dos dados gravados.
Então, no quesito compliance, o que percebemos é que se trata de uma tecnologia que aumenta a segurança no compartilhamento de informações entre diversos entes e diferentes sistemas, acabando com as ilhas de informação, criando um ecossistema descentralizado e democrático entre todos os participantes da rede, inviabilizando fraudes.
Costumamos falar que a tecnologia permitiu, pela primeira vez na história, a realização de uma transação entre duas entidades que não se conhecem e, portanto, não se confiam, em uma rede que não é confiável (Internet), sem a necessidade de um intermediário, de forma 100% segura. Por essa razão, a blockchain ficou conhecida como o Protocolo da Confiança, pois traz uma série de características que protegem os registros realizados.
É possível reduzir custos excessivos com a blockchain?
Sim. A blockchain permissionada trabalha com frameworks que, além de otimizar o trabalho da equipe de desenvolvimento, oferece amplas possibilidades para as empresas, tais como:
- Assinatura digital de documentos, removendo custos com a compra de folhas de papel, impressão e armazenamento correto desses arquivos.
- Gestão do consentimento para uso de dados pessoais, essencial para se manter em compliance com a LGPD sem onerar muito tempo da equipe.
- Integração entre bases de cadastro biográfico e biométrico para criar uma identidade nato-digital dos indivíduos.
- Controle e rastreabilidade de produtos em uma cadeia produtiva de forma automática, com registros de recebimento, produção e destino.
- Barramento de gestão processual que permite a auditoria dos fluxos de informações com carimbo de tempo, identificação entre partes e autenticação via token.
- Criação de processos eleitorais com resultados instantâneos, garantia de privacidade e possibilidade de auditoria.
Veja mais sobre esse assunto neste release da Binario Cloud.
Como está a regulamentação no Brasil?
Como a tecnologia pode ser utilizada em diversos setores, tendo em vista que cada setor pode trabalhar com uma regulamentação específica, não é possível chegar a uma resposta conclusiva. O que podemos dizer é que a blockchain já tem seu espaço garantido nas Políticas de Governo Digital.
Uso de blockchains permissionadas em 6 segmentos
1. Energia
Basicamente, é possível colocar todas as regras de negócio de forma customizada dentro da blockchain. Para o setor de energia, isso significa mais flexibilidade e assertividade para auditar processos. Outra possibilidade é a criação de barreiras de segurança em áreas de acesso restrito por meio da blockchain.
Também podemos citar toda a parte de assinatura digital e gestão de contratos, que é pertinente tanto para a contratação quanto para o fornecimento de serviços.
2. Contábil e financeiro
Ambos os setores têm potencial de bastante aderência a essa tecnologia. O conceito de livro-razão encaixa como uma luva nesses setores, trazendo a possibilidade de realizar registros transacionais de entradas e saídas em blockchain, ou até mesmo de executar todo o registro de saldos e tokens dos usuários de uma plataforma corporativa por meio da blockchain.
3. Obra e engenharia civil
Desde o compartilhamento de informações de estoque, gestão de contratos até a compra do imóvel, tudo pode ser realizado tendo como base a tecnologia blockchain para garantir a auditabilidade, confiabilidade e segurança das transações.
4. Saúde
A área de saúde possui todos os atributos para a implementação de uma rede blockchain. Pensando na lógica de como os hospitais e clínicas estão estruturados nas cidades, encontramos vários estabelecimentos, cada um com uma parte da informação do cidadão. Ou seja, elas estão distribuídas em vários sistemas, por exemplo: enquanto as informações de vacinas de um cidadão estão em uma UBS, os resultados de exames estão em um laboratório privado.
A blockchain tem o poder de indexar tudo isso e prover uma informação histórica sobre um ativo. Com isso, podemos pensar em aplicações, como prontuário eletrônico ou uma gestão de medicamentos, de forma extremamente eficiente.
Já do ponto de vista de experiência do usuário, a blockchain também pode melhorar e muito a relação do paciente com suas informações de saúde. Pensando no exemplo da vacina, quando o indivíduo sai da UBS tem em mãos uma caderneta em papel que fica perdida no fundo de uma gaveta ou estraga em contato com água. Com a blockchain, é possível transformar todos os dados em informação disponível para consulta do usuário através de uma central com alta integridade.
5. Agronegócio
O maior foco da blockchain para o agronegócio certamente é a gestão da cadeia produtiva. É possível registrar o recebimento de matéria-prima e insumos com data, hora, local, quantidade, origem, lote e todos os validadores de conformidade necessários. Também é possível registrar eventuais falhas no processo de produção, o que fornece os dados necessários para que os engenheiros tragam melhorias para a próxima safra.
Com esses registros, as indústrias do agro têm informações valiosas que poderão ser utilizadas em rótulos e embalagens para agregar valor aos produtos e conquistar fatias cada vez maiores do mercado — e ainda estarão em compliance com o Código do Consumidor.
6. Instituições públicas
O governo tem utilizado a blockchain para diversas aplicações, como compartilhamento de informações do CPF, controle de aduaneiras, gestão de documentos, entre outros. De fato, blockchain é a melhor tecnologia para o compartilhamento de informações que estão armazenadas em diferentes sistemas, de forma segura, transparente e confiável, trazendo escalabilidade ao mesmo tempo em que reduz custos.
Se você quer conhecer mais possibilidades de aplicação da blockchain na sua empresa, sugiro que visite este conteúdo que preparamos para você.